Existem muitas estratégias de gestão de riscos para proteção contra volatilidade de preços durante períodos de incerteza no mercado. Elas são usadas por produtores e vendedores de grãos e oleaginosas, como agricultores, comerciantes, elevadores de grãos e exportadores.
As circunstâncias para cada hedger são diferentes, e os hedges de que precisam dependem dos objetivos específicos e da situação financeira da empresa, além do seu próprio nível de tolerância ao risco.
Por causa disso, não há uma estratégia perfeita que se adapte a todos os hedgers em todas as condições de mercado, nem há uma estratégia que um hedger individual pode usar em todas as situações.
Este capítulo trata de algumas das estratégias mais comuns de short hedging, mas não fala de todas elas. Os short hedgers, que são hedgers que vendem opções futuras para se protegerem contra a queda de preços, precisam entender as várias alternativa para gestão de riscos e saber quais delas funcionam melhor para o que precisam em um determinado momento.
Neste módulo vamos rever algumas estratégias de short hedging e comparar os prós e contras.
Vamos considerar o exemplo de um agricultor internacional que plantou soja na primavera e quer fazer um hedge entre o momento atual e o momento da colheita, durante o outono.
Neste exemplo, o preço futuro da soja para novembro está atualmente em US$ 10,00 por alqueire. Por uma questão de simplicidade, desconsideraremos a base e usaremos preços hipotéticos para futuros e opções de soja.
A posição futura vendida é a estratégia mais básica para um vendedor de grãos, oferecendo proteção contra a queda nos preços. Digamos que o fazendeiro decide vender futuros da soja para novembro a US$ 10,00.
A principal vantagem é que, com isso, o fabricante fixa o preço de venda de US$ 10,00 antes da venda real. Se os preços futuros caírem entre a primavera e o mês de novembro, o preço de venda estará protegido. No entanto, uma das desvantagens desta estratégia é que, com ela, não é possível aproveitar um hipotético aumento nos preços da soja.
Se o agricultor quiser se proteger contra a queda nos preços sem perder a chance de vender a um preço maior se os preços futuros subirem, uma boa e flexível opção é uma opção de venda comprada. Por exemplo, adquirir a opção de venda at the money a um preço de exercício de US$ 10,00 por um prêmio de 50 centavos.
Quando compra a opção de venda, o agricultor estabelece um preço mínimo de venda (piso) de US$ 9,50 - o preço de exercício menos o prêmio - sem abrir mão da oportunidade de conseguir um preço líquido mais elevado se o mercado subir.
Ao comprar a opção de venda, o agricultor não precisará colocar uma garantia de execução, mas pagará imediatamente o prêmio de 50 centavos para ter proteção e a oportunidade dada pela opção de venda.
Em um mercado estável, uma posição vendida em opção de compra (ou short call) pode oferecer ao agricultor o melhor preço líquido de venda, mas é uma estratégia mais arriscada.
Vamos supor que ele venda uma opção de compra de soja at the money e receba por ela o prêmio de 50 centavos. Enquanto o mercado permanecer estável, o fabricante reterá o prêmio de 50 centavos, o que, na prática, aumentará o preço de venda líquido.
No entanto, a eficácia desta estratégia depende de um mercado estável. A opção de compra vendida estabelece um preço de venda máximo de US$ 10,50 – o preço de exercício mais o prêmio – e limita a capacidade de o agricultor aproveitar um mercado em ascensão.
Além disso, se houver uma queda relevante no mercado de soja, a proteção dele contra queda se limitará ao prêmio de 50 centavos que ele recebeu com a venda da opção de compra. Além disso, ao vender a opção de compra, o agricultor precisará colocar uma garantia de execução no momento em que vender a opção.
O agricultor também pode combinar uma posição de compra vendida com outra de venda comprada e, com isso, estabelecer uma faixa de preço de venda para a soja dele. Por exemplo, ele poderia comprar uma opção de venda out of the money a um preço de exercício de US$ 9,40 por um prêmio de 9 centavos e, simultaneamente, vender uma opção de compra out of the money a um preço de exercício de US$ 10,60 por um prêmio de 10 centavos.
Ele estabelece essa posição com um prêmio líquido de crédito de 1 centavo, ou seja, o prêmio de 9 centavos que pagou menos o prêmio de 10 centavos que recebeu.
A opção de venda comprada estabelece um preço mínimo de US$ 9,41, ou seja, o preço de exercício da opção de venda a US$ $9,40 mais o prêmio líquido, e a opção de compra vendida estabelece um preço máximo de US$ 10,61, isto é, o preço de exercício de US$ $10,60 mais o prêmio líquido.
As vantagens dessa estratégia são que ela cria uma faixa de preço de venda conhecido: o agricultor sabe de antemão quais são os preços máximo e mínimo que receberá pela soja, e o prêmio que ele consegue permite que ele atinja um nível de preço mínimo maior do que teria se apenas adquirisse a opção de venda.
A desvantagem é que isso limita a possibilidade de o agricultor aproveitar uma subida do mercado acima do preço de exercício da opção de compra vendida. Além disso, ao vender a opção de compra, ele precisará colocar uma garantia de execução nesta porção da transação.
O agricultor também pode não fazer nada. Esta estratégia é a mais simples e a mais arriscada para um vendedor de grãos.
Isso pode até resultar em um preço de venda maior em caso de um mercado de soja ascendente, mas não fornece nenhuma proteção caso o mercado caia.
Existem muitas estratégias disponíveis para vendedores de grãos na hora de gerenciar o risco, e elas envolvem futuros, opções, mercado à vista ou uma combinação destes componentes, cada um com suas próprias vantagens e desvantagens. É importante que os hedgers conheçam bem todas as alternativas disponíveis e saibam quando uma estratégia específica deve ou não ser usada. Mas nem sempre uma estratégia eficaz para fazer o hedge de uma venda será a melhor escolha para a próxima.